PUBLICADO EM: 12/01/2015

ROCK IN RIO: 12/1/1985

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Tom Leão, jornalista que cobriu o festival para o jornal O Globo, foi nosso segundo convidado a deixar suas impressões sobre a edição de 85. Confira como foi o dia 12 de janeiro de 1985:

Depois de uma noite de abertura arrasadora, com as espetaculares apresentações de Queen e Iron Maiden, fechando o primeiro dia do Rock in Rio em grande estilo, o segundo dia na Cidade do Rock foi bem mais calmo. Mas não menos animado.

O piano de Ivan Lins abriu os trabalhos no descampado, ainda com espaços, no cair da tarde de sábado, com um público um pouco diferente – mais velho — da noite anterior. Mais tarde, Ivan voltaria, emocionado, para dividir o palco, e algumas músicas, com o amigo George Benson, que regravou ‘Dinorah, Dinorah’, dele.

O clima esquentou um pouco mais com a chegada da energética Elba Ramalho. A ‘leoa do nordeste’ empolgou com o seu forró animado, fazendo o público pular e dançar bastante em várias partes do show, como em ‘Bate coração’, por exemplo. O resultado é que, o gramado, que já tinha ficado seriamente avariado logo na primeira noite, acabou de vez durante o show de Elba, levantando muita poeira.

A animação continuou na apresentação de Gilberto Gil. Com um visual meio new wave (topete, olhos pintados], o baiano, de guitarra em punho e muita atitude rock´n´roll, desfilou sucessos como ‘Segurança’, ‘Pessoa nefasta’ (que, ao vivo, ganhou andamento ska). E, claro, não podia ficar de fora a sua versão para o clássico ‘No woman, no cry’, de Bob Marley, ‘Não chore mais’, que foi cantado em coro, por uma plateia visivelmente emocionada — e, a esta altura da noite, imensa.

Depois de todo o pique de Gil, as coisas acalmaram um pouco com o jazz suave de Al Jarreau. De camiseta azul e calça branca, Jarreau arrepiou a plateia (que foi bem maior do que a da noite anterior) com seus incríveis dotes vocais e scats, quase reproduzindo alguns sons de instrumentos de percussão com a sua garganta. Quem achou que ia ser um show para se curtir sentado, se enganou.

A atração seguinte contagiou a plateia de outra maneira: o romântico James Taylor, rei do bittersweet rock, que já embalou muito namoro nas festinhas daqui, agora, embalava, ao vivo, casais de namorados na Cidade do Rock. É claro que, na bagagem do americano, não faltaram clássicos do rock romântico, como ‘You´ve got a friend’.

Já era começo da madrugada de domingo quando George Benson adentrou o palco com a sua arrasadora banda, despejando sucessos de rádio e pistas de dança, como ‘Give me the night’ e a esperadíssima ‘On Broadway’, que fechou a sua apresentação, e a noite do festival, em altíssimo astral. Haja fôlego. Porque, amanhã, tem mais.

Tom Leão

Tom Leão editou, por 22 anos, a coluna de cultura pop “Rio Fanzine”, no jornal O Globo, onde também foi crítico de música e cinema. Além disso, lançou diversos livros e colaborou para varias revistas de musica do país. 

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