PUBLICADO EM: 16/01/2015

Rock in Rio 18/1/1985

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O jornalista Tom Leão, que cobriu a primeira edição do festival para o jornal O Globo, voltou no tempo com a gente. Confira como foi o dia 18 de janeiro de 1985:

Faltando apenas mais duas noites para o fim do festival, a Cidade do Rock recebeu um público imenso na ultima sexta-feira. Cerca de 250 mil pessoas foram lá para ver (ou rever) a banda nacional Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens, o cantor/pianista Eduardo Dusek, o cantor/guitarrista Lulu Santos e as bandas internacionais The B-52´s, The Go-Go´s e Queen. Destas, a única estreante da noite foi a americana The B-52´s, considerada uma das expoentes do new wave rock.

Desta vez, o público foi menos agressivo com a rapaziada do Kid e com Dusek, diferente do que aconteceu na noite em que estes abriram para Scorpions e AC/DC, na qual o publico era, predominantemente, de fãs de heavy metal (ou ‘metaleiros’, como parte da imprensa os tem chamado). Por isso, as apresentações da banda e do artista, foram mais tranquilas, com uma plateia mais ‘colorida’, no clima new wave. O Kid fez um show de meia hora, que incluiu musicas como “Fixação’ e ‘Pintura íntima; Dusek repetiu sua ótima performance, meio pianista de cabaré, com destaque para o sucesso ‘Nostradamus’; e Lulu Santos bisou canções como ‘O último romântico’ e ‘Como uma onda (zen surfismo)’, o que fez com que o público cantasse junto com ele.

Com um visual meio retrô (as duas meninas, Kate e Cindy, que fazem backing vocais e também tocam, usam imensas perucas) e um vocalista super animado, Fred – além de um guitarrista econômico, mas afiado, Rick; e um baterista potente, Keith –, a banda empolgou do começo ao fim, com musicas que já são sucesso nas danceterias do país, como ‘Rock lobster’, ‘Private Idaho’ e ‘Party out of bounds’. Foi uma festa sem controle, como cantam. Igualmente com visual meio antiguinho, som econômico e clima de festa é o rock das californianas Go-Go´s, que também embala a garotada nas danceterias, com musicas como ‘Head over heels’ e ‘Our lips are sealed’. A vocalista Belinda Carlisle tem carisma, e a banda, tem boa pegada.

A noite encerrou com mais uma fabulosa apresentação da banda inglesa Queen, estrela máxima do festival. Não apenas por conta da qualidade de seus músicos e do cantor Freddie Mercury, como também da produção de palco, que usa luzes computadorizadas, as vari-lites. Foram cerca de duas horas de show, com Mercury levando a plateia na palma da mão o tempo todo, e emocionando, mais uma vez, com ‘Love of my life’, bem no meio da apresentação. A grandiosa ‘We are the champions’ fechou a noite.  Definitivamente, mais um show para ficar na história.

Tom Leão

Tom Leão editou, por 22 anos, a coluna de cultura pop “Rio Fanzine”, no jornal O Globo, onde também foi crítico de música e cinema. Além disso, lançou diversos livros e colaborou para varias revistas de musica do país.

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